Escrevo debruçada na janela do meu quarto, onde fumo meu
cigarro, quente, macio. Aqui penso em como distinguir a realidade dos meus sonhos,
como descobrir o que são os meus tais sonhos e o que pode se tornar realidade.
As cabeças rolam e cada vez mais penso que não consigo cumprir o acordo
esperado, ou os acordos. Não me ato, não me desato. Me prendo sem me prender,
me perco nos sonhos e na falta de completude.
Hoje eu pensei nos momentos que a minha memória faz questão
de reinventar. A confusão mental paira no recinto e o vento que sopra pra
dentro do quarto só me faz imaginar que nada do que vivi é real, como essa brisa
na noite abafada de verão.
Preciso entender o que me cerca e o que cerco. Preciso compreender
o que faz parte do imaginário e o que não. Preciso saber se as histórias são
reais. Preciso matar minha sede, me aquietar, me por em mim e reatar a relação
consistente que tinha comigo mesma.
Só assim a vida continua, porque se continuar desse jeitinho
assim, o de agora mesmo, não o futuro, será o fim novamente.